Profissionais que desejam elevar as taxas de engajamento e melhorar suas respectivas estratégias de conteúdo já conhecem a Gamificação. O que antes era novidade, agora é uma verdadeira tendência: segundo a Gartner, ela prevê uma movimentação de mais de 5 bilhões de dólares em todo o mundo para o mercado digital em 2018.
Além ser uma excelente forma de tornar conteúdos mais divertidos e gerar entretenimento, aplicar a mecânica de jogos digitais pode fazer com que sua empresa tenha usuários ativos e verdadeiramente envolvidos com o que você tem a dizer.
Afinal, o que é a Gamificação?
A Gamificação é uma forma de alinhar processos lógicos ou mecanismos de jogos digitais aos conteúdos considerados “não jogáveis”, como o preenchimento de um formulário, por exemplo. Já pensou em tornar o download de um e-book mais divertido para o próprio usuário? É possível. Basta tornar a experiência não só divertida, mas relevante do início ao fim.
De acordo com a Marketing de Conteúdo, para que um conteúdo seja considerado gamificado ele deve alinhar seu propósito com os benefícios que traz ao usuário. Entre os requisitos para tornar a gamificação possível em sua estratégia de comunicação, estão:
- Regras fixas: o conteúdo deve ter regras ou um passo-a-passo para conduzir o usuário ao processo de início e fim, como um jogo.
- Resultados variáveis e mensuráveis, que expliquem ao jogador quando e onde ele alcançou seu objetivo primário ou principal.
- Demanda de esforços do usuário: para que o jogo aconteça, é necessário que ele interaja diretamente com a plataforma ou realize alguma ação.
Com esse checklist, é possível identificar elementos da gamificação em sua estratégia que podem ser eficientes ou não durante a campanha. Existem, também, outras formas de verificar se o seu conteúdo está gamificado, como, por exemplo, a troca de benefícios (como a conquista de insígnias que estimulam a competição entre usuários), criação de gincanas a longo prazo ou a realização de tarefas em mídias diferentes.
Não basta ter uma ideia, é preciso saber como adaptá-la e torná-la realmente relevante para seus jogadores. Para isso, é necessário um bom planejamento e uma boa história para contar.
O que é preciso para “gamificar”?
Para captar atenção e engajamento, é preciso ter um bom conteúdo em mãos. Seja a ação para o lançamento de um novo produto, serviço ou a própria história de sua empresa, é preciso investir em um storytelling que explore características inerentes aos seres humanos.
Elementos que ativam o senso de cooperação em comunidade, a competitividade, a ambição (ou falta dela), a realização pessoal ou a simples sensação de solucionar um “enigma” têm o poder de influenciar o comportamento de consumidores e, por consequência, tornar uma estratégia bem sucedida.
Um bom exemplo disso é o TVShow Time, aplicativo desenvolvido pela Toze Labs, voltado ao público que consome o conteúdo de séries de televisão. A empresa permite que usuários montem seus próprios guias de séries preferidas, dando uma pontuação para cada episódio assistido, votando em suas personagens preferidas ou interagindo com outros usuários em fóruns privados e livres de spoilers.
Para cada conjunto de interações realizadas, o usuário ganha uma insígnia (ou “badge”, do inglês) que fica em seu perfil. Quanto mais interações o usuário realizar, mais recompensas ganha. O aplicativo utiliza uma narrativa muito simples para captar a atenção do público: a paixão em comum entre pessoas de todo o mundo.
As insígnias do TVShow Time explicam exatamente ao usuário o que ele deve fazer para consegui-las. Como no exemplo acima, um jogador deve assistir ao menos 5 episódios da série “Two Broke Girls” em menos de 24 horas para ganhar o badge de “Marathoner” (ou Maratonista).
O aplicativo não apenas usa uma narrativa simples, como também coloca regras fixas muito claras para o usuário que deseja ter insígnias em seu perfil. Além de apresentar resultados mensuráveis (como, “assista 10 episódios de Game of Thrones em menos de 48 horas”, por exemplo), ele demanda esforço do usuário, que deve cumprir sua maratona para ser recompensado.
Você não precisa ser um desenvolvedor de jogos digitais para aplicar a gamificação em seu conteúdo. Basta escolher uma metodologia de jogo que chama a atenção do seu usuário e fazer com que interaja com ele.
Saiba quem é o segundo player
A gamificação exige o máximo de interação entre usuário e interface, bem como em um jogo digital. Essa forma de comunicação trata de comportamento e engajamento, portanto,se você já tem ideia do quê comunicar, saiba para quem e como comunicar. Estabeleça quem é o segundo player. Quem é a pessoa impactada por sua campanha e como ela se comporta no dia-a-dia? Quais seus gostos, medos, ambições?
Escreva pensando no seu usuário. Segundo um artigo da agência CreativeBizz, o primeiro passo dentro de qualquer estratégia é definir um público-alvo que você procura atingir com o seu conteúdo. Faça um estudo de quem é a persona ideal que vai consumir o seu conteúdo gamificado. Mesmo que haja um público alvo ideal para isso, definir uma personagem ideal torna o planejamento e a execução da sua estratégia muito mais eficientes.
Assim, você sabe os hábitos do seu jogador antes de estabelecer regras e recompensas para ele cumprir e receber. Além disso, já é possível ter uma ideia de quais canais serão utilizados para veicular a sua história.
Utilize as ferramentas que tem em mãos:
Quando falamos em gamificar um conteúdo, é comum associarmos uma narrativa a apenas uma plataforma. Isso não quer dizer que você não possa utilizar todas as ferramentas que tem em mãos para tornar sua estratégia de conteúdo mais eficiente, certo?
Um dos grandes poderes da narrativa transmídia é gerar a imersão de usuários por meio de diferentes mídias. Essa é uma excelente maneira de utilizar a gamificação a favor do seu conteúdo!
Para o Gamification.co, usuários utilizam de duas a três telas ao mesmo tempo para consumir conteúdos. Além da televisão ou computador, uma história pode ser contada ao mesmo tempo em várias plataformas, como celular ou em um almanaque de quadrinhos, por exemplo. Por isso, é importante pensar em como construir uma narrativa interessante e, ao mesmo tempo, interativa, em várias plataformas (mesmo que sejam offline, como no caso dos livros).
Um exemplo de como a transmídia pode enriquecer o storytelling e fortalecer uma estratégia de marketing é o do jogo Fallout 4, lançado em 2015 pela Bethesda Game Studios. A empresa não apenas utilizou as plataformas principais para explorar o universo de Fallout 4 (como os consoles PlayStation 4, Xbox One e PC), mas também aproveitou o mobile para envolver seus jogadores mais fiéis com o jogo secundário “Fallout Shelter”.
Fallout Shelter foi disponibilizado na Apple Store e na Google Play seis meses antes do lançamento de Fallout 4, o que instigou os fãs mais fiéis da série de jogos a explorar detalhes de uma narrativa que, até então, era desconhecida para eles. Com o aplicativo, os usuários puderam ter uma visão generalista de como o jogo principal seria e quais temas poderiam ser abordados.
Fallout Shelter foi lançado seis meses antes do jogo principal “Fallout 4” para orientar usuários a explorarem pontos extras de uma narrativa.
Além disso, a empresa também criou uma versão mobile para um dispositivo utilizado pelopersonagem do jogo, o Pip Boy, para incrementar as experiências de jogo. Após olançamento de Fallout 4, jogadores tiveram a oportunidade de acompanhar o status de seus personagens do jogo no próprio celular.
O SEMrush gamificou os ovos de Páscoa
O SEMrush também soube como aplicar a gamificação para engajar os usuários e criar experiências divertidas para divulgar a ferramenta. Em abril deste ano, os membros da comunidade puderam participar do desafio SEMrush: Eater Egg Hunt, a caça aos ovos de Páscoa (os easter eggs), enquanto navegavam em diferentes páginas.
Imagem: SEMrush
De forma bastante criativa, foram escondidos 15 ovos de Páscoa em diferentes ferramentas (como o Dashboard, o Traffic Analytics, o SEO Content Analytics, o próprio perfil do usuário,entre outros). O SEMrush desafiou seus usuários e declarou a caça aberta para quem desejasse participar.
Mas não foi nada fácil: cada ferramenta apresentou um nível diferente de dificuldade. Em páginas com barras de pesquisa (como o Domain Analytics, por exemplo), a dificuldade foi maior e só depois de muita procura, os ovos podiam ser encontrados.
Como recompensa, quem conseguisse encontrar os 15 easter eggs foi premiado com uma lista das 10 mil palavras-chave mais procuradas em 10 países, incluindo o Brasil. O objetivo do desafio foi, além de promover as ferramentas oferecidas pela empresa, fazer com que os usuários explorassem cada funcionalidade de forma totalmente prática e experimental.
Imagem: SEMrush
O resultado? Além de promover suas ferramentas, o SEMrush conseguiu engajar seus usuários (que compartilharam as vitórias em outras redes sociais) de uma forma autêntica e divertida.
Por fim, o importante é divertir!
Antes de criar um excelente planejamento, coloque-se no lugar de sua persona: o seu conteúdo é, de fato, divertido? Você gostaria de comentar sobre ele em suas redes sociais?
Existem diversas formas de criar um storytelling e gerar engajamento em torno dele, desde as mais simples até as mais complexas. Não se esqueça de que a verdadeira importância está em divertir. Sem diversão, não há engajamento.
Além disso, não esqueça de pensar em boas recompensas que fazem com que sua persona seja impactada. Afinal, você participaria de um jogo sem ganhar absolutamente nada em troca? Quanto mais desafiante, divertido e recompensador um jogo parece ser, maior potencial de engajamento ele tem.
Vamos jogar? :)