Falha de segurança
Em março deste ano os engenheiros do Google realizavam uma força-tarefa de revisão das suas APIs de acesso a desenvolvedores externos, quando detectaram uma falha indesejada. Uma brecha semelhante àquela que a Cambridge analytica explorou no Facebook e que levou seu CEO Mark Zuckerberg a depor no congresso americano, aos olhos de todo o mundo. A API do Google+ permitia o acesso a dados dos amigos de seus contatos sem que os mesmos autorizassem ou soubessem dessa possibilidade.
Conforme publicado em seu blog, o Google mantém o registro de requisições e acessos a estas APIs por apenas poucas semanas. Ainda sim seu vice-presidente de engenharia, Ben Smith, afirma não haver qualquer indício de que a falha tenha sido descoberta ou explorada anteriormente.
Mais de seis meses depois, no último dia 8 de outubro o Google anunciou que deverá encerrar sua rede social o Google+ até agosto de 2019. O anúncio não evitou críticas em relação à forma como o possível vazamento de informações foi tratada internamente pela empresa.
Google-Plus-End
Vale apontar que o encerramento da plataforma não será completo. Existem clientes de perfil enterprise que fazem uso diferenciado das funcionalidades que o Google+ oferece para este tipo de pacote. Segundo o anúncio oficial, estes clientes continuarão com acesso normal. Apenas o usuário comum e as empresas com contas comuns perderão acesso à plataforma.
O Google+ não colou
Além da falha, outra razão que justifica o encerramento do Google+ é a falta de engajamento que a rede social conquistou desde seu lançamento em 2001.
Muitas empresas usam Google+ como ferramenta de SEO, uma vez que o Google valoriza o conteúdo indexado em seus próprios canais. Existe também um tráfego relevante de usuários da rede social no Brasil. Segundo o estudo da OpinionBox, tanto em 2017 quanto 2018 o Google+ foi utilizado por cerca de 15% dos brasileiros, sendo a maior parte destes na faixa etária acima de 45 anos, conforme artigo aqui mesmo no blog da SEMRush.
Redes-Sociais
Porém o fato é que o Google+ não teve a aceitação imaginada e nunca fez frente ao seu principal concorrente, o Facebook. Apesar da credibilidade da marca Google e de contar pontos para o ranking no ferramenta de busca, a rede social não caiu no gosto do público e desde o início muitos artigos trataram do tema, defendendo diferentes hipóteses para justificar o fracasso.
Muitos defendem que a falta de inovação frente ao maior concorrente foi fatal. Outros apontam que o grande valor da ferramenta era mais interessante para o próprio Google do que para o usuário. Explico: o Google é uma empresa que tem como missão organizar as informações produzidas pela humanidade. Sem dúvida um feito e tanto, de valor inestimável. Porém assim como acontece com obrigações domésticas, o gosto das pessoas por informações estruturadas não equivale a um gosto por organizar estas informações. Gostar de um armário arrumado não é gostar de dobrar roupas, e o mesmo acontece com as informações online - por isso a rede social desenhada para os usuários organizarem os dados que compartilham com o Google não decolou.
SEO - casa própria ou alugada?
Não é a primeira vez que uma rede social é encerrada ou perde relevância rapidamente, mas o fim do Google+ nos ajuda a relembrar e reforçar algumas boas práticas em relação à distribuição diversificada e hospedagem própria de seus conteúdos online.
As redes sociais são canais importantíssimos para distribuição de conteúdo e relacionamento de sua marca com o público. Atualmente, fazer o melhor uso desses canais pode ser um diferencial entre o sucesso ou insucesso de muitos negócios. Porém uma estratégia sólida de Marketing de Conteúdo começa pela hospedagem de seus materiais em domínio próprio, em seu próprio site ou blog.
Acompanhando e apoiando o trabalho de centenas de times de marketing parceiros, percebemos que utilizar as redes sociais para se comunicar com diferentes nichos de audiência apontando tráfego qualificado para o seu próprio site é a estratégia que costuma trazer melhores resultados.
Com o visitante em seu site você não compete com as distrações que existem em qualquer rede social e pode colocar em prática as técnicas do inbound marketing para se relacionar com estas pessoas. Seu site e sua marca se tornam referência naquele assunto, seu tráfego orgânico cresce e melhora também o posicionamento de seus conteúdos nas ferramentas de busca.
Mas não é só isso. É importante estruturar a forma como seus conteúdos estão dispostos no seu site. Para quem visita o suas páginas, seja pela primeira vez ou não, é importante que estejam claros os seus valores e objetivos: quem é você, o que você resolve ou acrescenta na vida das pessoas que chegam até sua empresa?
Topic Clusters
Ao estruturar sua estratégia de marketing de conteúdo desta forma você facilita também o trabalho de distribuição dos seus conteúdos, segmentando suas campanhas por Topic Clusters é mais fácil operar, analisar, medir e realizar ajustes em cada frente. Usando metodologias apropriadas e ferramentas acessíveis no mercado, esse tipo de organização também facilita escalar a produtividade de seu time de conteúdo.
Topic Cluster
Para estruturar seu blog em Topic Clusters você não precisa recomeçar do zero. Uma auditoria nos conteúdos já existentes no seu blog deve extrair muito valor e orientar os próximos passos dentro de cada contexto, e representa uma importante fonte de informação e matéria-prima na estruturação da arquitetura de seu blog. No início do ano discuti sobre esse assunto aqui mesmo no blog da SEMrush.
Conclusão - Não dependa exclusivamente de nenhuma rede social
Redes sociais são muito importantes para o marketing mas são apenas canais. O encerramento do Google+ nos relembra que estes canais também são vulneráveis e sujeitos a mudanças repentinas. As regras podem mudar a qualquer momento como ocorreu recentemente com o Facebook, que restringiu a distribuição não paga do conteúdo de páginas corporativas.
Por essas e outras é importante investir na reputação de seu próprio domínio hospedando e organizando a sua comunicação online em seu próprio site ou blog - para que seu público reconheça sua casa, seus valores e sinta-se à vontade para retornar quando quiser, independente da vontade de outras marcas e plataformas.